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segunda-feira, 28 de dezembro de 2015

O passado não pode ser prisão



Nosso passado faz parte da nossa história, e atitudes de hoje tem relação direta  com o que vivemos.

Quando nos conhecemos bem entendemos melhor nossas atitudes do presente.

A psicanálise acredita no inconsciente. Segundo essa teoria, fundada pelo tão conhecido Freud, nosso comportamento sempre tem o inconsciente como determinante.  Como assim?

Para entendermos melhor vamos compreender um pouco do que é o inconsciente.

É uma instância psíquica que tem conteúdos dos quais o consciente não tem acesso. Entretanto, essa instância que está cheia de desejos, emoções, sentimentos, muitos momentos de nossas vidas que passou, ele tem uma influencia no nosso consciente, portanto, no nosso comportamento.

Mas, porque será que a consciência não tem acesso a inconsciente?

O conteúdo do inconsciente é muito doloroso, condenável, são desejos e emoções proibidas pela razão. Por esses desejos ser muito difícil de aceitar pela consciencia eles são reprimidos. Reprimir? Sim, esse movimento consiste em levar esse conteúdo para o inconsciente, ou seja, é esquecido pela consciência.

Mas, eu ainda não entendi, porque nosso comportamento é influenciado por isso?

Verdade!  Com exemplos fica mais fácil entender.

Sabe quando você troca o nome de alguém sem querer? Seu consciente não escolheu esse nome, seu consciente escolheu o nome correto, porém, o inconsciente deixou escapar o verdadeiro nome que gostaria de falar, por alguma razão que a consciente não consegue entender. E sim, você não consegue explicar porque errou o nome, pode ser que consiga dar uma explicação, sim, mas será que é a real explicação?

Mais um exemplo.  Sabe aquela pessoa que você não consegue "engolir", essa pessoa pode despertar em você esse sentimento ruim por lembrar sua mãe ou pai em um momento ruim na sua infância, mas que você não se lembra mais, ou seja está inconsciente, mas desperta em você um sentimento ruim em relação aquela pessoa remetendo a esse conteúdo inconsciente. Talvez, por essa pessoa possuir alguma característica e/ou comportamento que tem relação com o seu pai ou mãe do passado.

Outro exemplo, escolha do parceiro amoroso. Geralmente, escolhemos nossos parceiros afetivos com referencia parental. Sim, certamente seu namorado(a) ou esposa(o) tem características de um dos seus pais, ou os dois.  Ou ainda, mesmo que seja o oposto, se teve um pai muito severo, procura uma pessoa muito flexível ou manipulável, entende-se então que foi uma referencia oposta, foi muito traumático ter um  pai muito severo, então escolhe alguém oposto devido ao trauma sofrido. 

Cada um com sua história de vida, depende de como foi terá seu comportamento compreendido com sua história, e o inconsciente ajuda compreender atitudes e comportamentos (especialmente os repetitivos) de uma forma mais clara.


Para acessar o inconsciente:

Freud dizia que os sonhos é a realização de desejos inconscientes, mas calma! Ainda assim no sonho o desejo vem disfarçado, quando não está muito disfarçado torna até um pesadelo. Cada sonho é um sonho e depende muito de cada um. Em um processo de análise os sonhos ajudam muito na compreensão do paciente.

A psicoterapia ajuda o paciente a conhecer o inconsciente e assim o mesmo se compreende melhor e adquire maiores recursos para lidar com seu comportamento e ter decisões mais assertivas.

O passado pode parecer ser uma prisão, que te mantém preso sempre no mesmo, mas tem saída, acredite. O passado pode ser seu aliado, compreendendo ele, digerindo-o vai conseguir superá-lo.


Se quiser saber um pouco mais do inconsciente recomendo esse texto no link a seguir: https://psicopauta.wordpress.com/2010/03/02/o-que-e-o-inconsciente/ 






OBS.: Todo o conteúdo desta e de outras publicações deste site tem função informativa e não terapêutica.



Joyce Cristina de Souza Leite
Psicóloga Clínica. Especialista em Psicoterapia Breve Operacionalizada.
CRP 06/113205

terça-feira, 22 de dezembro de 2015

Como assim psicólogo não pode dar conselho?!


É muito comum as pessoas entenderem que psicólogo é um grande aconselhador.  Esta compreensão pode levar ou não um paciente a procurar um profissional.  Existe aquele que procura por essa compreensão, por estar em um estado tão sensível e desesperador que acaba querendo pagar para alguém resolver o problema. Há aquele o qual não vai à psicoterapia porque tem muita gente que pode dar conselho sem custo.

Se você acredita que psicólogo é um aconselhador, não se sinta culpado, nós psicólogos precisamos orientar mais mesmo, divulgar nosso papel, pois ainda há muitos mitos.

O papel do psicólogo não é aconselhar. 

Através de técnicas científicas o psicólogo trabalha as queixas associadas a conflitos internos de cada indivíduo. As técnicas utilizadas na psicoterapia são muitas e tem como objetivo promover/resgatar a autonomia, autoconhecimento entre muitas associada ao crescimento psíquico.

Aconselhar não é uma técnica utilizada pelo psicólogo?

A psicologia tem muitas abordagens cada psicólogo trabalha com uma abordagem com base científica diferente e cada uma delas tem suas técnicas científicas.  Caso o conselho seja usado como técnica por algum psicólogo, este profissional, se qualificado e correto terá todo um parecer/compreensão embasada para que este movimento ocorra. Afinal, são cinco anos de formação, e ainda assim devemos nos especializar e sempre estudar, sempre se atualizar.

Em linhas gerais abaixo coloco motivos porque psicólogo não aconselha. Lembrando cada linha teórica tem suas técnicas e seus motivos para não utilizar conselho como técnica.

 1 . Pode promover a dependência. Um bom profissional da psicologia não irá promover a dependência do psicoterapeuta, ao contrário, o objetivo é que o indivíduo consiga analisar cada situação e consiga lidar com as questões da forma mais saudável possível.  A psicoterapia deve ajudar o paciente a compreender a situação, olhar de forma diferente para ela, compreende-la e assim identificar a melhor forma de se posicionar.

2.   Diminuir a capacidade crítica. A psicoterapia não é uma mágica que o paciente irá lá e o psicólogo lhe dará a solução, o psicólogo ajuda o paciente compreender-se e com isso conseguir ajuda-lo a resolver a situação atual do paciente.

3. Submissão.  O paciente pode seguir conselho repetindo um padrão de comportamento já estabelecido durante sua vida , se este padrão de comportamento está gerando sofrimento no paciente a psicoterapia não está ajudando o sujeito está alimentando um comportamento gerador de conflito.
  
 4. Se o conselho apresentar mais sofrimento e consequências ruins, o paciente sentirá no direito de cobrar do psicólogo, uma vez que a responsabilidade do comportamento do paciente será direcionada ao profissional.

Em certa situação, dependendo do paciente,  o psicólogo pode direcioná-lo com certas regras apontando os motivos a fim de esclarecer  um apontamento mais incisivo e objetivo.  Devido ao estado emocional atual do paciente e a emergência da situação. Exemplo uma pessoa muito comprometida com drogas, pode ser necessário informá-lo  de forma mais clara que certo comportamento pode gerar maior sofrimento e pode inclusive leva-lo a morte (dependendo da situação). Com o tempo o processo psicoterápico ajuda o paciente a desenvolver autoconhecimento e autonomia para decidir por si mesmo a resolução de suas questões. 

"Nada lhe posso dar que já não exista em você mesmo.
Não posso abrir-lhe outro mundo de imagens, além daquele que há em sua própria alma.
Nada lhe posso dar a não ser a oportunidade, o impulso, a chave.
Eu o ajudarei a tornar visível o seu próprio mundo, e isso é tudo."

 Hermann Hesse


Joyce Cristina de Souza Leite
Psicóloga Clínica. Especialista em Psicoterapia Breve Operacionalizada.
CRP 06/113205