Postagem em destaque

Porque é tão difícil procurar ajuda psicológica? Parte 3 de 3

Essa é a última publicação da série que destaca as principais dificuldades de procurar ajuda psicológica. Caso não tenha visto os d...

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Como o psicólogo não leva os problemas dos pacientes para casa?

Este é o segundo texto da série de perguntas dos leitores.

Imagem da internet
Antes de começar preciso esclarecer uma questão técnica importante. Sou psicóloga com orientação psicanalista, e o conteúdo a seguir está baseado nesta orientação profissional.  Há várias abordagens de psicologia e com isso outras formas de trabalhar. 

Então vamos lá!

No processo de psicoterapia nem sempre o paciente só desabafa seus problemas ele pode apenas procurar desenvolver habilidades sociais para melhorar seu desempenho no trabalho, por exemplo, mas, a grande maioria realmente chega com conflitos ou com alguma patologia e diariamente ouvimos esses conflitos, dificuldades e os problemas dos pacientes.

Foi me perguntado como é que eu consigo lidar com os problemas dos pacientes e não pegá-los para mim?
 
A postura do profissional no momento da psicoterapia deve manter o máximo de neutralidade possível, porém, é certo que manter a neutralidade totalmente é impossível. Antes de ser profissional da psicologia somos humanos, com nossa história de vida, nossos valores, opiniões assim como todos. Entretanto, é um exercício constante ao olhar para o paciente que está diante de nós de uma forma diferenciada, ouvir até mesmo o que ele não diz, observar a linguagem corporal e tudo isso com respaldo de conteúdos científicos do comportamento humano. Esse movimento que o psicólogo faz de olhar de forma diferenciada já nos ajuda um pouco a nos distanciar, de certa forma, para a ajudar o paciente a conseguir identificar os conflitos internos e elaborá-los. 

Um dos objetivos da psicologia é promover o bem estar emocional e com esse objetivo em mente ficamos focados.

Mas, só isso não é realmente o suficiente. Ressaltando nós somos humanos, é possível nos identificar com a dor do outro e sofrer junto com ele. Por isso nós também precisamos ter a nossa análise ou psicoterapia pessoal.

Sim, psicólogo pode e até deve (especialmente dentro da orientação psicanalista) fazer psicoterapia.

Imagem da internet

A imagem acima retirada da internet ajuda um pouco no tema. No momento que o psicólogo olha para o paciente, como não estamos mergulhados nas emoções que o outro está sentindo e com o conhecimento técnico que temos observamos os conflitos de forma diferente do paciente, mas, se nós tivermos sem cuidar da nossa saúde mental, podemos afetar o atendimento.

Imagine esse exemplo:

Atendimento de um paciente que está com dificuldades de lidar com a traição do cônjuge. Caso o psicólogo já tenha passado por isso, mas não conseguiu elaborar e lidar com essa situação, tem maior dificuldade de orientar o paciente. Neste caso pode, ficar do lado de quem o psicólogo se identificar e prejudicar todo o atendimento. Mas, se ele passou por isso e conseguiu, inclusive com ajuda psicológica, lidar com essa questão, terá maior condição de ajudar o paciente.

Para conseguir ouvir e não se misturar com os problemas do paciente, ou virar o grande defensor do paciente entre outros comportamentos não adequados para um profissional da psicologia ético é necessário fazer a própria psicoterapia e ainda supervisão.


As três principais características para ser um ótimo profissional da psicologia são:

1. Conhecimento técnico (teoria fundamentada reconhecida cientificamente).

O psicólogo sempre terá que estudar para se atualizar. O ser humano está em constantes mudanças. O psicólogo ainda produz conhecimento a partir dos conhecimentos científicos já publicados e da experiência diária. Afinal os conhecimentos já realizados partiram de experiências do dia a dia que foi testada e estudada mais profundamente e fundamentada. Portanto, é nosso papel continuar estudando e coletando dados com as mudanças do comportamento atual e enriquecer ainda mais nosso conhecimento disponível na área.

2. Análise pessoal (ter o próprio processo de psicoterapia).

 Para olhar para o outro precisa saber sobre de você mesmo. Ajuda a não se envolver com o problema de pacientes. Para ajudar o outro precisamos estar bem.
3. Supervisão. (Outro profissional mais experiência revisando e orientando o atendimento).

Especialmente no início de carreira é necessário ter supervisão, com o tempo a supervisão vai diminuindo a frequência. Mas, dependendo do caso mesmo os profissionais mais experientes ainda solicitam supervisão.

 É possível levar o problema do paciente para casa, mas isso deve ser devidamente bem cuidado para não afetar o processo de atendimento.

Há alguma pergunta que gostaria de fazer para um psicólogo? Pode perguntar,  deixe no comentário aqui no final do texto, via e-mail joycesouza.psico@gmail.com (com o assunto pergunte ao psicólogo) ou na parte direita do Blogo em "entra em contato comigo".

VEJA TAMBÉM:

Como assim psicólogo não pode dar conselho?!

5 diferenças entre conversa de amigos e psicoterapia

O que acontece na sessão de psicoterapia?

 

 

 





Nenhum comentário:

Postar um comentário