Você que sempre achou que aquele seu parente ou amigo
psicólogo é um chato porque não quis te ajudar, vamos tentar entender por que.
Antes de tomar um remédio o ideal é entender qual sua função. Certo?
Então, é importante entender o que o psicólogo faz. O que seria uma psicoterapia (psicólogo tem outras funções além da psicoterapia).
A dúvida já começa por aí, muitos não entendem o que o psicólogo faz.
Há muitos que confundem entende que psicólogo é aquele que aconselha. Caso você seja um deles recomendo o texto: Porque psicólogo não pode dar conselhos?
O objetivo da psicoterapia é promover o bem estar do paciente, ajudá-lo a enfrentar suas dificuldades, compreender-se, se conhecer para assim promover melhor na sua saúde mental. Para isso o profissional ouve o paciente e a partir do que o paciente relata é analisado e são feitas interpretações pelo psicoterapeuta. Existem várias abordagens e técnicas psicoterápicas em linhas gerais o processo segue dessa forma.
Ainda não entendi, mesmo assim porque um amigo ou parente não pode me atender?
Para que esse processo ocorra exige escuta diferenciada do profissional, isenção de julgamento, neutralidade e uma boa comunicação. Não é um processo simples ou mágico.
Vamos com calma.
Um ponto importante para desenvolver um processo de psicoterapia é a comunicação.
Vamos com calma.
Um ponto importante para desenvolver um processo de psicoterapia é a comunicação.
Na comunicação muitas vezes ocorrem ruídos.
Como assim?
Como assim?
Vamos a um exemplo:
Sua mãe diz: " Fui no mercado e comprei laranja pera, mas era para ter comprado pêra!"
Qual será sua reação?
Se você sabe que sua mãe está passando por um período difícil e está estressada, você pode dizer a ela que ela precisa tirar umas férias, ou relaxar entre outras opções.
Se ela é naturalmente distraída, você ri e não se surpreende, pois já ouviu muitas experiências dela assim.
As possibilidades de reações são muitas, e todas elas vão depender da relação e da experiência que já tem com ela.
Nesse exemplo você consegue compreender que todos nós humanos olhamos o outro e o mundo a partir das nossas experiências. Experiência que provem da convivência com outro e também da própria história.
Cada um trata o outro de um jeito a partir do que viveu com ele.
Se o profissional atende um parente a neutralidade que deve ter para desempenhar o seu papel como psicólogo já está perdida, por maior o esforço que o profissional tenha não terá. A relação já estabelecida influencia no andamento do processo.
Esse movimento é das duas partes, caso ocorra um atendimento de parente ou amigo, a comunicação estará mergulhada de preconceitos um a respeito do outro.
Agora que tem essas informações fica um pouco mais fácil vocês entenderem de forma mais técnica o que agrava um atendimento de parentes e amigos. Existe um fenômeno que ocorre diariamente com todos nós chamado transferência, na sessão psicoterápica ( com base psicanalista) ela é fundamental. Transferência é um movimento que todos nós temos, é a influencia que o inconsciente tem sobre nosso comportamento (falo um pouco sobre isso aqui).
Ficou confuso? Calma eu te explico!
Todos nós temos conteúdos inconscientes estes conteúdos tem influencia sobre nosso comportamento a psicoterapia (com base psicanalista) busca compreender estes conteúdos inconscientes e compreende-lo melhor, para isso é necessário que o psicólogo escute o paciente, seja neutro e não julgue. A transferência na sessão psicoterapia é uma técnica que o psicólogo utiliza para compreender e ajudar o paciente.
Mas o que é transferência afinal?
É um movimento que o paciente tem de comportar-se remetendo a situações remotas de forma atualizada. Seria repetir um comportamento infantil. Todo esse movimento é inconsciente e o profissional deve estar atendo a isso.
Existe ainda a contransferência que é os conteúdos do psicólogo para o paciente. Que o profissional deve sempre estar atento.
Abaixo relaciono os principais conflitos que pode ocorrer. Vamos a eles:
1. O paciente pode não se sentir a vontade de expor intimidades e o terapeuta por já ter uma relação mais próximo perguntar e causar mal estar.
2. Mistura de conteúdos. O profissional pode não conseguir separar o que é conteúdo da sessão do paciente com o conteúdo familiar.
3. Relação de intimidade. Por mais que o paciente expõe sua intimidade ao terapeuta a relação estabelecida é humana, mas não é intimida, e com amigos e familiares esse movimento pode interferir negativamente no processo de psicoterapia e na relação das partes envolvidas.
4. O paciente pode não aceitar as interpretações por misturar experiências fora do processo psicoterápico.
5. Medo de julgamento por parte do paciente. E esse medo pode fazer com que não fale conteúdos importantes.
6. Não levar realmente a sério o que o psicólogo fala. Devido à relação já estabelecida, caso o psicólogo parente ou amigo fale e devido ao conteúdo mencionado não seja do agrado do parente ou amigo então paciente, o mesmo pode não aceitar e justificar com conteúdos ocorridos fora da sessão até mesmo do passado que viveram juntos.
7. O profissional tem mais riscos de falhar nas interpretações, mesmo com anos de experiência, é uma relação humana. A relação afetiva que já ocorre interfere no olhar e na escuta do profissional.
E aquela ajuda básica, só uma orientação? Claro que queremos ajudar principalmente quem está mais próximo de nós e que amamos. Ainda assim é importante o profissional procurar saber orientar quando parente ou amigo por tudo que foi exposto a comunicação pode estar prejudicada.
Este texto faz parte de um trabalho de esclarecimento, não tem fins terapêuticos.
Veja também:
5 diferenças entre conversa de amigos e psicoterapia
Porque é tão difícil procurar ajuda psicológica?
Amor patológico
Joyce Cristina de Souza Leite
Psicóloga Clínica. Especialista em Psicoterapia Breve
Operacionalizada.
CRP 06/113205
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